Jornalista Desirée Miranda fala sobre o braço forte do governo na direção da rádio, em evento comemorativo aos 40 anos da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas.
(Foto por Letícia Gloor - reportagem por Francisco Soares e Rodrigo Antunes)
A FCA (Faculdade de Comunicação e artes) da PUC Minas realiza esta semana uma série de eventos e atividades, comemorando seus 40 anos de fundação, entre os quais, o “13 convida”, no qual ex-alunos da faculdade foram convidados a conversar com o corpo acadêmico sobre formação, mercado, carreira e demais experiências. Entre os convidados na última quarta-feira pela manhã, a faculdade recebeu a jornalista Desirée Miranda, da rádio Inconfidência, que em bate-papo descontraído com os alunos do 4º período de Jornalismo, confessou a dificuldade de trabalhar em um veículo estatal, passível de restrições e censura pelo governo.
Desiree Miranda formou-se em 2002 em Jornalismo na PUC-MG. Após um tempo de inatividade, trabalhou em assessoria de imprensa, até prestar concurso para vaga na rádio Inconfidência. O salário não animava (R$ 840,00- de início), mas pela vontade de atuar em uma área da qual tinha prazer e pela estabilidade que a rádio poderia proporcionar, julgou valer à pena. Já faz seis anos desde que foi efetivada, confessando dentro deste período, ter na forma “promíscua que o jornalismo e o poder se relacionam”, segundo suas palavras, a maior dificuldade.
Na rádio Inconfidência, ainda segundo Desirée, a partir do movimento de moralização do serviço público, que exigiu que profissionais de instituições públicas, como a rádio, fossem concursados, iniciou-se forte pressão do governo, a fim de dirigir pautas e enfoques das reportagens, cerceando a liberdade dos profissionais na produção de suas matérias. Desiree acredita que há um erro de pensamento quando se entende uma rádio estatal, como uma rádio do governo, já que a Inconfidência tem 75 anos, e vários foram os governos que passaram por seu comando.
Apesar das dificuldades a jornalista acredita que, aos poucos, a mentalidade das diretrizes da rádio, vai mudando, e já sente hoje que o próprio público reconhece estas suaves mudanças de postura que tenta, junto com demais colegas, implantar.