terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eternamente

Querer-te-ei eternamente,
E se achares pedante,
Ficarei afim;
E se achares vulgar,
“Requisitarei a tua presença ao meu lado”;
E se achares formal,
Cantarei Tom e Vinícius;
E se achares clichê,
Farei groove, rap ou funk, que diga o mesmo;
E se achares ridículo,
Rabiscarei um poema;
E se achares cafona,
Pintarei, desenharei, encenarei;
E se diante de meu esforço,
Ficares incrédula,
Calar-me-ei, sem desistir.


Frente a ti, calado, tomar-te-ei a boca
Na esperança que o silêncio,
Amigo da verdade,
Traduza o que há em mim,
Selando através do beijo, que devora teus lábios,
A mensagem que por vezes
E modosinfinitos, quis dizer,
E que direi,
Enquanto teu rosto morar em meu pensamento,
E teu gosto morar em minha alma:
Eternamente.



sábado, 10 de dezembro de 2011

Com você



Segunda balada.


Com você

(Chico)

Com você eu sou apenas eu
Sem disfarces, nem razões para fingir

Só você, é capaz de desvendar
Meus mistérios, e com olhar me descobrir

Olhe nos meus olhos e vai encontrar
Minha alma solitária, triste a esperar
Um sonho, um devaneio , uma ilusão
De amor eterno

Me deite no teu colo quem sabe é você
Meu anjo salvador, o meu bem querer
Minha luz no fim do túnel, minha salvação
Vem que eu te espero

Minha deusa, minha flor,minha revolução
Sol que aqueceu o meu coração
Me aceite e meu tempo já não mais será
Em vão

sábado, 3 de dezembro de 2011

Minha Gente

Esta também é uma escrivaninha de música, fator que deste sua inauguração foi omitido, por falta de coragem em divulgá-la. O sentido de produzir arte, ou algo verossímil a isso, só se completa, se preenche, quando da presença do ouvinte, que compartilha a mensagem que o autor imprimiu, dando a ela sua versão de sentimentos e conexões através de seu olhar.
O desejo é que vários sentidos se completem, e que feito pássaros livres, estas impressões que compartilho possam pousar em vários ouvintes rede adentro, trazendo consigo sensações verdadeiras, e quem sabe, verões.

A primeira canção é uma oração, mal cantada, com todas as outras serão, mas verdadeira; fator igualmente constante.





Minha gente

(Chico)

Amanheceu lá vai Bento
Botas de couro e gibão
Se apóia no firmamento
De ter de brigar o pão

Lá vai meu pobre mulato
Seu peito corta o sertão
Lá vai Maria e o balaio
Sem botas de pés no chão

Essa semana o pão é verde
De macambira é o café
Se num acabou fome reza
Se alimenta de fé

Valei-me meu Padre Cícero
Meu bom Jesus Nazaré
Apóia as pernas de Bento
Mantenha-o firme de pé

Ora Maria cansada
Arrasta o pé, mas não cai
Igarapé ainda ta longe
Mas ela tem fé no pai

Quando chegar com o balaio
Cheio de água a vazar
Um sorriso do mulato
Ela vai arrancar

E a amargura dá leito
Para esperança voltar
De bons tempos de chuva
Pra vida enfim melhorar

Alimente a esperança
Dentro do seu coração,
Mas saiba realidade
É onça sem emoção

Pois clareou e lá vai Bento
Botas de couro e Gibão
Se apóia no firmamento
De ter de brigar o pão


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Testando o feed de notícias e Google Reader


Por Rodrigo Antunes

Durante três dias (de terça-feira 18 de outubro a 21 do mesmo mês), testei o feed de notícias e o Google Reader. Os sites escolhidos foram os blogs de humor “Ah Negão” e “Kibe Loco”. A escolha dos blogs foi por ambos serem de cunho humorístico (o que me cativa) e, por seu 
fator de periodicidade, inferior a outros sites, tornando assim bastante útil a ferramenta do feed de notícias RSS, e do Google Reader.

Com relação à preferência por um ou outro feed, creio não haver grande diferença. Ambos são eficazes em seu propósito, diferenciando apenas o local de acesso. Um foi instalado na barra de navegação do meu navegador, já o outro, tenho acesso sempre que entro no Google (no caso iGoogle).

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Do samba ao rap

Em seu livro, O Mistério do Samba, Hermano Vianna cita uma noitada que reuniu intelectuais interessados na construção de uma identidade nacional (Gilberto Freyre era um deles), e personagens desta tal cultura local, entre eles Pixinguinha e Donga, o último autor do considerado primeiro samba (Pelo Telefone, de 1916). Já em Pelo Telefone, Donga narrava a realidade do morro, na qual “o chefe da polícia pelo telefone mandou lhe chamar”. Na época, ser sambista era sinônimo de vadiagem, e a voz do morro eram os vadios.
A partir do encontro narrado por Vianna, o samba se firmou como tradutor do cotidiano urbano brasileiro, com temáticas relacionadas às realidades vividas nos morros e favelas das grandes cidades, além da expressão da boemia efervescente da época. Marginalizado em primeiro momento, a partir da década de 30 passa a ganhar espaço entre a intelectualidade brasileira, com a afirmação da cultura nacional e a elevação dos compositores de samba à figura de mestres e, posteriormente mitos. É nesse ínterim que a ideia de samba como identidade nacional se consolida.
Era de se esperar que o samba, com maior aceitação e portas abertas para novas realidades, se diversificasse, alimentando-se de outras inspirações, e direcionando-se para outros grupos sociais. A diversificação é uma das características principais do momento pós-moderno, que entre outras consequências, traz a diluição dos argumentos reais da manifestação artística. O samba que desceu o morro e ganhou o asfalto, expandiu-se, diferenciou-se e, plural, perdeu sua identificação com a realidade da massa, outrora tema principal. Não foi abandonado pelos guetos, mas passou a ser consumido e produzido com outro intuito, baseado no entretenimento.
Podem-se enumerar diversos fatores, além da pós-modernidade (e que podem estar até incluídos nela), que contribuíram para este “esvaziamento” ideológico e temático do samba, e que resultaram na sua substituição por outras expressões musicais, dentre as quais cabe ressaltar o rap.
Carente de uma forma artística que de fato constituísse aura, com engajamento e ideologia, a periferia encontrou no rap, oriundo de influências norte-americanas, uma maneira de se fazer ouvir. O rap, sigla em inglês que significa ritmo e poesia, é um dos pilares da cultura Hip Hop, nascida nos guetos americanos, com o sinônimo de “cultura de rua”. No rap, tanto a temática, quanto a sua composição estética estão impregnadas de asfalto e demais signos da cidade, em verossimilhança com a sociedade metropolitana, veloz, direta, neológica, desigual e globalizada.
Esta postura assumida por esse novo símbolo cultural se difere esteticamente do samba engajado de outrora, quando o sambista no morro, violão no colo, discorria com lirismo e melodia, sobre a realidade que o cercava. O samba destes tempos, parafraseando Ernesto Che Guevara, endurecia sem perder a ternura.
Cartola, um dos mestres dessa música popular, ia além, ressaltando em suas músicas uma visão improvável da realidade de exclusão, a do orgulho, apoiado nas belas paisagens do morro e da felicidade efervescente de seu povo. Em Alvorada, canção gravada em 1974, Cartola diz: “alvorada lá no morro que beleza, ninguém chora, não há tristeza, ninguém sente dissabor”. Este romantismo se vê na maioria das composições da época, que refletiam sobre os panoramas de opressão e desigualdade social, sem que a violência transparecesse nas letras e nas melodias da música.
No rap o sombreado romântico foi deixado de lado, substituídos violão e sentimentalismo, por batidas eletrônicas e rimas de efeito. A música apresenta-se violenta, feroz, para que transmita eficiente, a própria violência sofrida por aqueles a quem pretende representar, assim como sua indignação perante a exclusão e demais maleficidades sociais. Seus versos, ritmos secos, e intérpretes (Mc’s) são como balas de revólveres, prontas para o revide ao sofrimento causado. Mano Brown, dos Racionais Mc’s, banda representante deste segmento no Brasil e idolatrada pelas periferias, fala em um verso de sua música, Capítulo 4 Versículo 3, sobre esta condição metafórica: “Meus estilo é pesado, e faz tremer o chão, minha palavra vale um tiro e eu tenho muita munição.”
Não só o enfraquecimento do samba como voz da massa, justifica a ascensão desta nova linguagem. Mudanças sofridas pela sociedade, em termos econômicos e de explosão urbana, também favoreceram seu fortalecimento. O jovem do gueto acorda bombardeado pela ferocidade da favela, pela correria do asfalto, e a urgência de uma vida desigual. Em meio a essa condição, imaginar no violão e no cavaquinho, instrumentos para expor sua indignação, pressupõe romantismo que já não se explica, sendo mais rápido e fácil, pegar um microfone e começar a rimar. Com violão no colo, o jovem se sente caçador de arco e flecha, em tempos de metralhadoras automáticas, tornando-se mais lógico então, tomar o rap como “arma”, e o samba como distração.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quem será o novo visionário?

(Foto por Ted Thai/Getty Images) Jobs com seu computador de 1983.

Texto e demais fotos: Rodrigo Antunes

Na ultima quinta-feira (5) morreu Steve Jobs, o visionário criador da Apple. Jobs tinha 56 anos e sofria de um raro câncer no pâncreas, contra o qual lutava desde 2004. Jobs nasceu e cresceu no vale do silício,região dos EUA onde se concentram as empresas de tecnologia e informática exatamente o tipo de ramo no qual Jobs se destacou. Steve Jobs foi co-fundador da Apple, que atualmente é considerada a empresa mais valiosa do mundo. Esse sucesso da marca tem relação direta com o trabalho e o caráter visionário de Jobs, ele é um dos principais responsáveis pelos produtos de maior destaque, como o iPad, iPod, iPhone e iMac.


Se hoje é comum termos um computador em casa, o qual nos permite acessar a internet, produzir textos ou trabalhar com imagens e sons devemos muito ao trabalho de Jobs. Foi ele um dos idealizadores e criadores dos computadores pessoais. Ele era um defensor da disseminação da tecnologia e desenvolvia seus produtos para que eles fossem intuitivos e fáceis de operar. Como ele gostava de se referir aos produtos da Apple: "simplesmente funciona" (“it just works” em inglês).Com a morte de Steve Jobs fica a pergunta: quem ocupará o lugar dele no desenvolvimento de inovações tecnológicas que mudarão o mundo da tecnologia e informática?




Steve Jobs é direta ou indiretamente mentor das principais utilidades tecnológicas desse tempo.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Brasilidades: Primavera


Fotos e texto - Francisco Soares

Setembro abre a janela para a primavera, que com seus aromas e cores, invade a cidade, tingindo suas telas, fazendo nascer em meio ao cinza, pálido e frígido do concreto, suas flores. Flores, que como lampejos de estrela, trazem aos sempre apressados moços, que correm pelas ruas, a lembrança vívida da natureza, de outros tempos e outros jardins.
Em Setembro, também as cores da primavera,que colorem roupas, ruas e humores, se fazempresentes nas igrejas e batuques, em uma tradicional festa da cultura brasileira. Setembro é mês de São Cosme e Damião, alegria furta cor, que toma os templos católicos e afro-brasileiros, em unidade de fé só possível aqui, nas brasilidades.




São Cosme e Damião, ao que tange a tradição, foram gêmeos que com sua medicina, viajaram pelo Oriente e Europa, curando pessoas, sem lhes cobrar, por onde passavam. Nas crenças afro-brasileiras, estes santos são sincretizados com Ibeji (Erês), divindades gêmeas, protetoras das crianças e detentoras do poder através da candura.













Já houve, em uma música, quem dissesse que “para entender o Erê, tem de estar moleque”. Se assim for, que ao menos o Erê possa nos entender, e manter em nós, ainda que diante do mais lúgubre inverno, a sensação de vida que emerge de Setembro e sua primavera.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rádio Inconfidência: Liberdade ainda que tardia?


Jornalista Desirée Miranda fala sobre o braço forte do governo na direção da rádio, em evento comemorativo aos 40 anos da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas.




(Foto por Letícia Gloor - reportagem por Francisco Soares e Rodrigo Antunes)




A FCA (Faculdade de Comunicação e artes) da PUC Minas realiza esta semana uma série de eventos e atividades, comemorando seus 40 anos de fundação, entre os quais, o “13 convida”, no qual ex-alunos da faculdade foram convidados a conversar com o corpo acadêmico sobre formação, mercado, carreira e demais experiências. Entre os convidados na última quarta-feira pela manhã, a faculdade recebeu a jornalista Desirée Miranda, da rádio Inconfidência, que em bate-papo descontraído com os alunos do 4º período de Jornalismo, confessou a dificuldade de trabalhar em um veículo estatal, passível de restrições e censura pelo governo.
Desiree Miranda formou-se em 2002 em Jornalismo na PUC-MG. Após um tempo de inatividade, trabalhou em assessoria de imprensa, até prestar concurso para vaga na rádio Inconfidência. O salário não animava (R$ 840,00- de início), mas pela vontade de atuar em uma área da qual tinha prazer e pela estabilidade que a rádio poderia proporcionar, julgou valer à pena. Já faz seis anos desde que foi efetivada, confessando dentro deste período, ter na forma “promíscua que o jornalismo e o poder se relacionam”, segundo suas palavras, a maior dificuldade.
Na rádio Inconfidência, ainda segundo Desirée, a partir do movimento de moralização do serviço público, que exigiu que profissionais de instituições públicas, como a rádio, fossem concursados, iniciou-se forte pressão do governo, a fim de dirigir pautas e enfoques das reportagens, cerceando a liberdade dos profissionais na produção de suas matérias. Desiree acredita que há um erro de pensamento quando se entende uma rádio estatal, como uma rádio do governo, já que a Inconfidência tem 75 anos, e vários foram os governos que passaram por seu comando.
Apesar das dificuldades a jornalista acredita que, aos poucos, a mentalidade das diretrizes da rádio, vai mudando, e já sente hoje que o próprio público reconhece estas suaves mudanças de postura que tenta, junto com demais colegas, implantar.

domingo, 18 de setembro de 2011

Os paradoxos

por Rodrigo Antunes e Francisco Soares


Enquanto Dilma continua sua faxina ministerial, os jornais dão notícia de um colégio público, que no país sem educação, teima em ser bom. Confira os comentários da semana por Rodrigo Antunes e Francisco Soares!






sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sociedade Musical está em crise



Hipermarco por Rodrigo Antunes e Chico Soares

Reportagem por Felipe Canedo, Pedro Castro e Romulo Medeiros

Aos 115 anos de vida e parte indiscutível da história de Belo Horizonte, a Sociedade Musical
Carlos Gomes, vive hoje uma situação desconfortável. Há três décadas dedicando-se à banda, o maestro Francisco Belmiro Braga, anunciou recentemente sua aposentadoria. Não é por falta de amor à música e à sociedade que o militar reformado se afasta do tão respeitado posto. Um recente problema na visão o impede de continuar o serviço. "Precisamos urgentemente de um maestro para assumir a direção técnica da banda", afirma Belmiro Francisco.

O problema é que a banda não tem como pagar por um novo maestro já que, como entidade filantrópica, não possui os recursos financeiros necessários. O pouco dinheiro que entra nos cofres da Sociedade Musical vem de uma colaboração dos Alcoólicos Anônimos, entidade que usa parte do terreno da Sociedade Musical Carlos Gomes, para suas atividades assistenciais; de algumas apresentações encomendadas, onde se cobra o que for possível de ser pago, e da doação dos próprios músicos, que acaba sendo parcela fundamental para a manutenção da banda.

Atual presidente da instituição, Geraldo Manuel Pereira, reclama do descaso com o qual a banda é tratada. "Há dois meses fomos contratados para tocar em uma cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Pedimos uma colaboração e disseram não ter como nos pagar.Deixei claro que, apesar da dificuldade de levar tantos músicos para tocar na tarde de um fim de semana, queríamos o dinheiro apenas para custear a pintura de nossa sede. Ficou acertado que receberíamos pela apresentação a doação das tintas", afirma. O que pareceu ser um acordo perfeito teve um insólito fim. As tintas doadas eram de cores completamente distintas, além de estarem com datas de validade vencidas. "Os músicos novamente passaram o chapéu e terminaram, eles mesmos, pagando a conta da pintura", acrescenta.

Outro problema que a banda enfrenta é a dificuldade de conquistar músicos jovens para garantir a renovação de músicos essencial para se manter a tradição. Para o ex-maestro Francisco Belmiro Braga, o interesse dos jovens vem da cultura musical das famílias. "Você pode perguntar para todos os músicos da banda, quase todos vão dizer ter um dos pais, um tio ou o avô músico. É uma questão de origem", diz. Entre os integrantes da banda um consenso: os jovens de hoje em dia gostam das músicas eletrônicas, mas não gostam de tocar os clássicos ou se envolver com a tradição. "Não há o interesse da banda em sofisticar essa atividade, senão ela deixa de ser uma
tradição", afirma Belmiro.O músico Rafael Calaça, que se diz apaixonado pela riqueza das bandas civis de Minas Gerais, considera que o desinteresse dos jovens vem do desconhecimento. "Há muitos exemplos de bandas bem-sucedidas em envolver a juventude em Minas Gerais, mas é preciso investir em projetos educativos para atraí-los", afirma.

Ele lamenta o fato de sua opção por um instrumento de corda lhe impedir de tocar em uma banda de rua. Geraldo Manuel lembra o período em que, amparados pela verba de uma lei de incentivo, deram aulas periódicas a mais de 40 jovens de uma comunidade carente. Durante um ano, a banda pôde transmitir sua tradição e educar novos músicos. A experiência fora um sucesso, mas, por falta de um profissional apto a escrever e captar projetos, a banda não conseguiu manter as aulas. Para o apaixonado pelo som do bombardino Alexandre Fernandez Moreira, a banda é mais do que um encontro com a música, é um espaço para descansar a cabeça. "É uma maneira de descontrair, uma terapia para quem trabalha, como no meu caso, na área financeira", afirma.



HISTÓRIA Alfredo Camarate, engenheiro português que participou do projeto de
Aarão Reis para a criação de Belo Horizonte, era cronista de diversos jornais e era também músico. Em 1896, entre as ocupações de planejar a capital mineira e relatar seu ofício nos periódicos mineiros, Camarate fundou a Sociedade Musical Carlos Gomes. A história conta que o engenheiro, apaixonado por música, preferia contratar peões que tocavam algum instrumento para trabalhar nas obras da capital mineira. Da união de 15 músicos, sob a batuta de Camarate, nasceu a banda que tocava em festas e que tocou na inauguração da cidade.


115 anos depois, a Sociedade Musical Carlos Gomes segue pouco afinada com a capital que inaugurou, apesar da heroica dedicação de seus membros. Localizada hoje no bairro Calafate, próxima à Paróquia São José,
a sede da banda é um casarão conhecido pelos moradores das redondezas por sua música característica.Camarate talvez não imaginasse que 115 anos se passariam sem que sua banda deixasse de servir ao povo para o qual foi criada, mas se surpreenderia com o descaso com o qual por ele é tratada. Provavelmente, não fosse graça aos músicos que hoje tanto se dedicam à Sociedade Musical Carlos Gomes, este importante pedaço da história de Belo Horizonte já teria se perdido.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Espírito de pobre

Notícia de semanas atrás sobre o trem-bala Rio-Sampa, projeto megalomaníaco da presidência, relata impasse difícil de acreditar. Ocorre que o orçamento da obra, estimado em R$35 bi, saltou para R$55 bi, valor que os “pobrezinhos”, donos das maiores empreiteiras brasileiras, não querem pagar. Eles exigem que o governo triplique o valor de seu subsídio (subsídio = pó ficá pro cs) de R$4 bi para R$12 bi, aumentando também o valor do investimento na empresa estatal criada para gerenciar a linha.

Toda a ideia do trem-bala é envolta em manto que beira a estupidez, tamanho o absurdo que é dizer que um país, com o déficit cultural e social como o nosso, investirá R$ 55 bi em uma obra que beneficiará alguns seletos cidadãos, cansados de gastar seu precioso tempo nas pontes aéreas e capazes de arcar com o preço da passagem, que se estima, custará em torno de R$ 175,00.

Turistas talvez usufruam da tecnologia, mas a fatia que mais gozará do projeto é a dos empresários, artistas e políticos. João, José e Maria estão por fora do eixo Rio - Sampa e preocupam-se mais com o transporte coletivo diário, sem lugares, sem conservação, sem o mínimo de dignidade. Quisera eles ter um simples metrô ou trem urbano, que os ajudasse a economizar tempo e saúde no trajeto para o trabalho. Poderiam dormir mais, talvez acordar mais dispostos, e no fim de semana, sair para ir ao cinema ou teatro, sem a preocupação de não ter como voltar.

Fica evidente que o Brasil entrou em um momento de sua história em que a falta de cultura e base pesam na avaliação do que fazer com o dinheiro que tem. Ontem à noite, notícia na TV dava conta de que a arrecadação do primeiro semestre de 2011 bateu novo recorde. Fato que só corrobora a assertiva histórica de que somos um país rico. A questão é: ter riqueza é suficiente? Ou saber usá-la é que é o primordial?

A figura brasileira se assemelha a do indivíduo novo rico, que durante boa parte de sua vida foi pobre, e por obra do acaso enriqueceu de súbito. Ainda que me seja custoso admitir, a realidade é imperiosa: O Brasil é a lady Kate da comunidade internacional.

Lady Kate é personagem do programa Zorra Total da TV Globo. Uma ex-mulher da vida, que herdou fortuna de um amásio, e agora tenta se inserir na high society. Seu bordão nos serve como luva: Grana eu tenho, só me falta-me o glamour.

O que mais podemos dizer de um país, que vendo as necessidades básicas de seu povo, carente por saneamento e educação, prefere investir em um projeto cujo objetivo é puramente mostrar o Brasil em um ciclo de tecnologia e evolução que não temos? Por que insistir em uma ideia que fere de completo o bom censo, e que não encontra apoio na sociedade? O que queremos provar com a construção desse empreendimento, que temos trem-bala, mas não temos esgoto?

Nem mesmo a própria construção do trem é certa, já que a questão não são apenas recursos, mas também tecnologia para fazê-lo. O trem-bala brasileiro seria construído a partir de tecnologia coreana, mas ao que parece essa tecnologia não está completa e é imprecisa, restando a opção de importar o projeto francês. Logo, além de querer erguer um imenso elefante branco, não sabemos como.

O que sabemos é que ele seria gerido por mais uma estatal, depósito de apadrinhados políticos, que nada entendem de trem, ainda que alguns possam saber bem o que é bala. As consequências óbvias, e de longa data conhecidas, são corrupção, inchaço da máquina pública, desvio de verba e inoperância do sistema.

Assim como Lady Kate o Brasil tem que entender que para evoluir, e ocupar espaço de destaque, não só a capa do livro tem que brilhar, mas seu conteúdo, sua capacidade cultural e intelectual. Livrar-se do espírito de pobre, que limita a visão àquilo que é exterior, é o que nos fará perceber que nossa real carência é de base e berço. Lady Kate como diz, pode continuar “pagando”, que além das risadas, o máximo prejuízo que causará é em seu próprio bolso. Já nós...

sábado, 18 de junho de 2011

Oração ao dia.





Ensaio com moradores da Colônia Santa Izabel, em Betim, Minas Gerais. A comunidade abriga mais de 4000 pessoas, e foi criada a 80 anos com a intenção de abrigar e dar tratamento a portadores de Hanseníase.


"Agradeço ao pai todos os dias
A luz da estrela que alerta
E na manhã me invade a vida
Ilumina, anima e desperta


Encho-me de gratidão por estar vivo
Ainda que esta vida seja incerta,
Pois nada me falta que não seja inútil
Nada me sufoca ou aperta


E assim feliz me abro ao mundo
Com sorriso que a vontade atesta
Certo que, se meu corpo tem falhas
Senhor, me deste uma alma completa."


Sempre aprendendo, e cada vez mais descobrindo que nada sei sobre a vida

sábado, 21 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Papo de elevador

No edifício que trabalho, além de clínicas médicas e exames radiográficos, há também clínicas estéticas. No elevador indo embora, paramos no 9° andar, onde fica um centro estético de micro-intervenções. Entra uma Coroa, aparentando 50 anos, muito enxuta, cheirando a Dior e com bolsa Victor Hugo. Ao lado, uma outra senhora, calça de lycra preta, sandália rasteira, bolsa simples, pelo rosto parecendo mais velha que a primeira.



A Coroa diz: " Semana que vem, assim que chegar, eu venho colocar. Deve vir dos EUA, acho que vai ficar uns R$ 6 mil."


A Amiga: "Nossa, você vai vir mesmo? Caro hein?"


A Coroa: "NADA, BOBA..."


A Amiga então abriu um sorriso literalmente amarelado, sem graça sem dúvida, mas sem querer deixar transparecer à Coroa, que para ela, os R$ 6 mil pareciam impossíveis. Talvez imaginasse, caso desse o braço a torcer, que perderia a consideração da Coroa, de Dior e Victor Hugo.


Futilidade, falsidade e desigualdade. "Eta vida besta meu Deus!