sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Muita informação, pouco conhecimento

Eu não nasci como Raul há dez mil anos atrás, mas posso afirmar, sem medo da blasfêmia, que nunca antes a humanidade esteve tão rica em informação. Uma letra não tinge o livro de protocolos de Deus, sem que quase instantaneamente esteja divulgada nos diversos meios de comunicação modernos. Munidos de 140 caracteres, ou de celulares multi-tarefas, escancaramos e arreganhamos as fronteiras do mundo, sem pudor ou zelo.
Ao abrir o jornal esta manhã, descubro que cientistas confirmam a “hipótese” do homem ter se tornado mais inteligente a partir da utilização do fogo, e que a maior universidade mineira está à procura de alunos. À noite, frente à TV, sou informado que nos EUA a quinta versão de um brinquedo famoso foi lançado, enquanto entre um intervalo e outro, uma rede social me bombardeia com imagens que não entendo, e deveriam ter graça.
Submerso neste fluxo contínuo e incessante, fico sem fôlego para pensar, brecha que se encontrei mais tarde, deitado à cama, após insistentes pedidos de silêncio à parceira. Foi neste instante de inércia necessária, que a questão gestora desta crônica surgiu, a qual retomo aqui. Nunca antes a humanidade esteve tão rica em informação. Mas, para quê? O que temos feito desta riqueza? Tornamos-nos mais inteligentes e capazes? Não creio.
De nada serve uma informação, se não somos capazes de, a partir dela, produzir conhecimento. Leio, ouço e vejo, e tudo me leva a crer que, ao contrário do esperado, regredimos em nossa capacidade de gerar sabedoria. Ditados antigos condenam o excesso, e neste caso, parecem mais uma vez estarem certos. Ironicamente, a abundância de informação nos tornou mais burros, lentos e preguiçosos. Somos uma sociedade que tudo reconhece, mas nada sabe. Perdi o sono ao concluir, ao menos o silêncio me consola.