sábado, 3 de dezembro de 2011

Minha Gente

Esta também é uma escrivaninha de música, fator que deste sua inauguração foi omitido, por falta de coragem em divulgá-la. O sentido de produzir arte, ou algo verossímil a isso, só se completa, se preenche, quando da presença do ouvinte, que compartilha a mensagem que o autor imprimiu, dando a ela sua versão de sentimentos e conexões através de seu olhar.
O desejo é que vários sentidos se completem, e que feito pássaros livres, estas impressões que compartilho possam pousar em vários ouvintes rede adentro, trazendo consigo sensações verdadeiras, e quem sabe, verões.

A primeira canção é uma oração, mal cantada, com todas as outras serão, mas verdadeira; fator igualmente constante.





Minha gente

(Chico)

Amanheceu lá vai Bento
Botas de couro e gibão
Se apóia no firmamento
De ter de brigar o pão

Lá vai meu pobre mulato
Seu peito corta o sertão
Lá vai Maria e o balaio
Sem botas de pés no chão

Essa semana o pão é verde
De macambira é o café
Se num acabou fome reza
Se alimenta de fé

Valei-me meu Padre Cícero
Meu bom Jesus Nazaré
Apóia as pernas de Bento
Mantenha-o firme de pé

Ora Maria cansada
Arrasta o pé, mas não cai
Igarapé ainda ta longe
Mas ela tem fé no pai

Quando chegar com o balaio
Cheio de água a vazar
Um sorriso do mulato
Ela vai arrancar

E a amargura dá leito
Para esperança voltar
De bons tempos de chuva
Pra vida enfim melhorar

Alimente a esperança
Dentro do seu coração,
Mas saiba realidade
É onça sem emoção

Pois clareou e lá vai Bento
Botas de couro e Gibão
Se apóia no firmamento
De ter de brigar o pão


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