Durante boa parte da infância morei com minha avó, apreciadora de música, especialmente brasileira e popular. Era tradicional, especialmente aos domingos, ouvir Agepê e sua voz encorpada, e em seguida Gonzagão e seu baião, ao som do qual, inclusive, ela fazia questão de me dar aulas de forró. Os sons daqueles vinis preencheram minha ideia de música durante a tenra infância, período em que as fitas cassete foram engolidas pelos CDs, caros, e de difícil acesso.
Lembro com frescor o primeiro fim de semana que passei na casa do meu além-amigo Loureiro. Ainda era infância, e entre as coisas novas que ele me apresentava em sua casa, fez questão que eu ouvisse a banda inglesa Led Zeppelin. Era tão diferente! No começo estranho, como se aquilo não se encaixasse no meu ouvido. Foi assentando aos poucos, até que ouvi Since I’ve been loving you, e as descobertas se multiplicaram. Era lindo! Forte, denso, melancólico, ainda que eu não entendesse mais do que o título da canção. As descobertas se sucederam (The Doors, The Who, Pink Floyd, entre outros) estendendo meus horizontes. Em dias que a alma grita: Led! Em dias que o coração lembra: Cartola! Tudo teve e tem uso em mim.
Conto essa história, porque a vejo como uma metáfora (pessoal) para o valor e a função da amizade. Duas almas que se cruzam e colaboram entre si, de tal maneira que não se possa falar de quem uma é sem mencionar a outra. Tornam-se causa e efeito, mutuamente, de personalidades que descrevem destinos sempre na direção do bem.
É uma bênção! E deve ser louvado assim. Quem seria eu no mundo sem amigos? O que a vida teria feito de mim e o que eu devolveria a ela? A amizade é uma verdade transcendente, um bálsamo da alma, um pão da vida.
A todos os meus amigos, com orgulho de usar o plural, a gratidão sincera de quem vos ama.
PS: aos dois - Semper Fidelis. Obrigado!
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