Passei os últimos dias queimando a mufa a analisar as possíveis respostas racionais para a eleição campeã de Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, para Deputado Federal pelo estado de São Paulo. Não posso esconder minha decepção com o eleitor paulista. São Paulo, maior estado da nação, terra politizada e cosmopolita, na qual tudo acontece, merecia mais e podia mais. Rascunhei algumas teorias para explicar o acontecido, mas logo percebi que todas convergiam para uma mesma proposição. O brasileiro não tem responsabilidade para o voto obrigatório.
Corriqueiramente se imagina que o voto facultativo é o que exige maior responsabilidade, quando na verdade, se analisarmos a miúde a questão, veremos que é justo o contrário. A explicação é tão simples como corre nas ruas. Se o voto não fosse obrigatório, votava quem quer, e sabe o que quer, e mais, é responsável pelo que quer. Este censo de responsabilidade na votação obrigatória é falho, já que na violência da coerção eleitoral, transfere-se o dolo para aquele que obriga, sendo o resultado das urnas um eco do eleitor a dizer: “façam o que vocês quiserem”.
Uma nova legislação, que determinasse a liberdade de participação do brasileiro na “festa democrática”, da qual hoje ele é o garçom, extinguiria aberrações eleitorais como as do senhor Everardo, afinal, é surreal imaginar que São Paulo o tenha escolhido por acreditar nele um grande representante na câmara federal. O julgamento dos paulistas passa muito mais por um instinto de protesto, como se ao dar seu voto ao palhaço, identificassem nele a figura mais compatível com o cenário político nacional. Este tipo de queixa subliminar, diga-se de passagem, inútil e imbecil, é comum em nosso processo eleitoral, bastando lembrar casos famosos como os dos 400 mil votos para o macaco Tião em 1988 no Rio, e os dos 100 mil no ano de 1959, para o rinoceronte paulista Cacareco, indicado a vereador da cidade.
Além do fator complicador da obrigatoriedade, há também de se considerar a incompetência democrática do brasileiro, que ainda não entende as instituições públicas, não se interessa, e insisti em enxergar (talvez até por culpa do lodo da corrupção que nos envolve), a política como algo estranho a sua vida e que em nela nada interfere ou modifica. Quando muito, faz do pleito eleitoral um jogo de popularidade, como em um reality show, usando o voto como instrumento para provar que fulano ou sicrano merecem mais os louros que beltrano, quando na verdade não há prêmio, e o que está em disputa é trabalho.
No caso do senhor Francisco Everardo, como em outros semelhantes, quem pagará o pato, além do mico já quitado, por sua eleição, será o próprio povo paulista, já que o caminhão de votos recebidos por ele impulsionou outros três nomes de sua coligação, alguns com respingos de lama, por conta do famoso episódio dos 40 ladrões do mensalão. Destes três, talvez se salve Protógenes Queiroz, delegado da Polícia Federal responsável pela operação Satiagraha.
Na bancada, não há dúvidas que Tiririca será “carta branca”, como nas brincadeiras de criança, quando se dava este título aquele que não tinha condições de julgar por si ou se defender. Se a partir de sua posse ele se desfizer de seu personagem, apresentando-se como Francisco, talvez aos poucos ganhe alguma credibilidade, ainda que em detrimento ao apoio de seus um milhão, trezentos e cinquenta e três mil, oitoscentos e vinte eleitores, que nele votaram apenas para ver o circo pegar fogo. Caso se mantenha como Tiririca será ridicularizado, e bombardeado por acusações de falta de decoro parlamentar, afinal, como dirão seus excelentíssimos colegas, a presença de um palhaço no plenário achincalha a casa.
Certo é que a eleição do palhaço Tiririca foi uma piada de mau gosto, e só prova nossa incapacidade de atuar no pleito, assim como nossa falta de consciência e entendimento daquilo que é obvio, pois como diriam os sábios, nesta terra se colhe o que se planta.
Corriqueiramente se imagina que o voto facultativo é o que exige maior responsabilidade, quando na verdade, se analisarmos a miúde a questão, veremos que é justo o contrário. A explicação é tão simples como corre nas ruas. Se o voto não fosse obrigatório, votava quem quer, e sabe o que quer, e mais, é responsável pelo que quer. Este censo de responsabilidade na votação obrigatória é falho, já que na violência da coerção eleitoral, transfere-se o dolo para aquele que obriga, sendo o resultado das urnas um eco do eleitor a dizer: “façam o que vocês quiserem”.
Uma nova legislação, que determinasse a liberdade de participação do brasileiro na “festa democrática”, da qual hoje ele é o garçom, extinguiria aberrações eleitorais como as do senhor Everardo, afinal, é surreal imaginar que São Paulo o tenha escolhido por acreditar nele um grande representante na câmara federal. O julgamento dos paulistas passa muito mais por um instinto de protesto, como se ao dar seu voto ao palhaço, identificassem nele a figura mais compatível com o cenário político nacional. Este tipo de queixa subliminar, diga-se de passagem, inútil e imbecil, é comum em nosso processo eleitoral, bastando lembrar casos famosos como os dos 400 mil votos para o macaco Tião em 1988 no Rio, e os dos 100 mil no ano de 1959, para o rinoceronte paulista Cacareco, indicado a vereador da cidade.
Além do fator complicador da obrigatoriedade, há também de se considerar a incompetência democrática do brasileiro, que ainda não entende as instituições públicas, não se interessa, e insisti em enxergar (talvez até por culpa do lodo da corrupção que nos envolve), a política como algo estranho a sua vida e que em nela nada interfere ou modifica. Quando muito, faz do pleito eleitoral um jogo de popularidade, como em um reality show, usando o voto como instrumento para provar que fulano ou sicrano merecem mais os louros que beltrano, quando na verdade não há prêmio, e o que está em disputa é trabalho.
No caso do senhor Francisco Everardo, como em outros semelhantes, quem pagará o pato, além do mico já quitado, por sua eleição, será o próprio povo paulista, já que o caminhão de votos recebidos por ele impulsionou outros três nomes de sua coligação, alguns com respingos de lama, por conta do famoso episódio dos 40 ladrões do mensalão. Destes três, talvez se salve Protógenes Queiroz, delegado da Polícia Federal responsável pela operação Satiagraha.
Na bancada, não há dúvidas que Tiririca será “carta branca”, como nas brincadeiras de criança, quando se dava este título aquele que não tinha condições de julgar por si ou se defender. Se a partir de sua posse ele se desfizer de seu personagem, apresentando-se como Francisco, talvez aos poucos ganhe alguma credibilidade, ainda que em detrimento ao apoio de seus um milhão, trezentos e cinquenta e três mil, oitoscentos e vinte eleitores, que nele votaram apenas para ver o circo pegar fogo. Caso se mantenha como Tiririca será ridicularizado, e bombardeado por acusações de falta de decoro parlamentar, afinal, como dirão seus excelentíssimos colegas, a presença de um palhaço no plenário achincalha a casa.
Certo é que a eleição do palhaço Tiririca foi uma piada de mau gosto, e só prova nossa incapacidade de atuar no pleito, assim como nossa falta de consciência e entendimento daquilo que é obvio, pois como diriam os sábios, nesta terra se colhe o que se planta.
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