Sentado na cadeira giratória que me conhece com intimidade, perdido no espesso lapso temporal daqueles que vivem, ainda que por alguns minutos, a ociosidade, me vi surpreendido por pensamentos e sensações que não experimentava desde a infância, quando as questões mais divagantes e problemáticas se resumiam a hora de dormir ou de acordar (acordar ainda é um problema). Um tom doce de piano me tomou pelos ouvidos e cumprindo o fim ao qual a música se dedica me elevou a um estado de quase nirvana. Mente fervorosa e inquieta, incapaz de absorver o momento sem perguntas, observei (após procurar a fonte) que a canção tocada era "Claire de lune" do francês Achile-Claude Debussy. De imediato me perguntei : o que teria acontecido a este homem pra que ele tenha enxergado tanta beleza no mundo? Ouvindo a sonata, a sensação que se tem é de um estado de graça e paz angelical aos quais nunca (eu) tinha experimentado (com exceção da infância) e duvidava que alguém pudesse ter tido tal experiência. Aquele dia, em que Debussy se levantou, devia ter sido uma paragem de sonho. A grama devia estar mais verde, os pássaros deviam cantar mais doce, os homens mais lentos, as mulheres mais belas, o sol mais morno, a lua (como moldura final) mais cheia e azul.
Traduzir estas sensações em uma canção é tarefa ao talento e quanto a ele, não há discussão, mas conseguir um momento na vida que proporcione este estado como matriz, isto sim, é algo que gostaria fazer jus a viver. Obrigado Debussy. Dias como o de Debussy a todos.
Para ouvir a canção e opinar : http://www.youtube.com/watch?v=SKd0VII-l3A
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