sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Profecias de infância - Meu temor

Não temo ficar sozinho, temo a solidão. Solidão é uma aversão, uma aberração, algo inaceitável em uma par de terra tão grande e cheio de diversidade como é o mundo. Estar sozinho pode ser reflexivo, alimentar, conscientizar, mas estar em solidão é a morte sonâmbula. Em solidão, ainda que se ande e coma, respire ou fale, não se está vivo, pois por dentro se é opaco. Sim a solidão é opaca, é um estado da mente do ser, que nebulisa todo e qualquer sentimento, expressão, querer que ele tenha. Solidão é bem mais que não ter ninguém para conviver. Solidão é afrouxar-se da vida, é não ter perspectiva , é paralisar, vegetar a existência, existir sem produzir, sem estar. À solidão eu temo. Temo porque sei que aos rancorosos, ranzinzas que em nada veem cor, ela persegue. Queira o celeste que eu não me torne assim.

Que eu confunda as cores, seja daltônico, mas que não perca o poder de colorir o mundo.
Que eu seja pobre, mas que não perca a riqueza maior que é a poesia, a graça.
Que eu falhe, erre, mas que pelo menos algo faça.
Que eu chore de amor, mas que pelo menos o procure.
Pois só com intensidade, pode-se evitar este mal horrendo, reservado a alguns, como castigo divino, por negarem o dom da vida.



Nota:


Escrevi este texto aos 11 anos. Tenho certeza sobre a idade porque no "Epítafio", os escritos vem acompanhados da data. É incrível como a sabedoria aos poucos me abandonou. Quem dera ter a consciência desses tempos. Se tivesse, lágrimas teriam sido evitadas, assim como erros que me separaram aos montes, de gente a quem devo muitas alegrias.
Bravo menino!

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